10:12"Meu maior medo não é morrer sozinho, ainda que morrer sozinho, sem visitas em um hospital ou sem pássaros na janela seja tão deprimente quanto morrer em si..."
Meu maior medo é viver sozinho e não me acompanhar. É ter um dia de aniversário por ano e, isso seja a única forma de ser lembrado. Tenho medo de ser esquecido... Esquecido na varanda, no quarto, ou numa vida.
Meu maior medo é viver sozinho e não ter fé para receber um mundo diferente e não ter paz para se despedir.
Tenho medo de perder a curiosidade da solidão e ficar com alguém para disfarçar a espera, esquecendo do egoísmo de prender esse alguém de uma nova chance.
Meu medo é ser reconhecido por aquilo que poderia ser e não pelo que foi. É dizer sim para desistir depois, dizer não para querer depois. Tenho medo de insegurança, mas ela não tem medo de mim.
Meu maior medo é não ser avisado pelo medo e ainda ter que fingir que estou bem.
"Não tenho medo de partir e, sim, da tristeza que as pessoas que me amam vão sentir."
Me apavora o fato de talvez ajudar as pessoas porque não sei me ajudar.
Triste é desperdiçar espaço em uma cama de casal, sem acordar durante a chuva mais revolta, sem adormecer diante da chuva mais branda.
Meu maior medo é a necessidade de ligar a tevê enquanto tomo banho, enquanto almoço, só pra não me sentir tão só no vazio da casa.
Meu maior medo é conversar com o rádio em engarrafamento. É enfrentar um final de semana sozinho depois de ouvir os programas de meus colegas de trabalho.
Meu maior medo é não conseguir acabar uma cerveja sozinho.
Meu maior medo é a indecisão ao escolher um presente para mim. É a expectativa de dar certo na família, que não me deixa ao menos dar errado.
Tenho medo de escutar uma música, entender a letra e faltar uma companhia para concordar comigo.
Meu maior medo é escrever para não pensar.
Ouvindo: Depois - Marisa Monte
T.E: Carpinejar.
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